Para falar sobre as etapas da pesquisa científica precisamos entender como elas podem ser articuladas. Desta forma, vamos entender os eixos que as une.
- Ruptura. Nós temos uma “bagagem” teórica que algumas vezes podem ser consideradas armadilhas. Isso porque uma grande parde de nossas ideias se inspira em aparências ou partidarismo. Algumas vezes elas chegam a ser ilusórias e preconceituosas. Nesse contexto, é muito perigoso construir uma pesquisa científica. Temos que romper com as ideias preconcebidas e com as falsas evidências. Só assim podemos construir uma pesquisa com base sólida.
- Construção. A teoria é um ponto fundamental para a construção de propostas e planos de pesquisa científica sólidos. A definição dos passos a serem executados e previsão dos resultados esperados também dependem da teoria. Sem essa construção não teremos propostas válidas.
- Constatação. Uma proposta de pesquisa é considerada científica quando pode ser avaliada por informações da realidade concreta. Essa constatação também pode ser chamada de experimentação.
Esses três eixos não são independentes. Eles estão interligados e podem acontecer mais de uma vez no processo de pesquisa científica. A construção não pode acontecer sem a ruptura, nem a constatação. Pois a qualidade desta está associada a qualidade da construção da pesquisa científica.
As 7 etapas da Pesquisa Científica
A figura abaixo resume todas as etapas, a direção do fluxo e retroalimentação das etapas.
Etapa 1: A questão inicial
O pesquisador formula uma questão que o ajude a conhecer e compreender melhor determinado fenômeno estudado. Essa questão inicial deve ser clara, realista e verdadeira. Também deve abordar o que já existe e fundamentar as descobertas e transformações de um novo estudo.
- Validação. Após a formulação da questão é interessante apresentar para um grupo de pessoas. Assim é possível observar se todos entenderam da maneira correta e sem ambiguidades.
- Dica. A questão inicial é muito importante para o sucesso da pesquisa científica. Ela vai ajudar o pesquisador a progredir nas leituras e coletas de dados. Normalmente o pesquisador trabalhe e retrabalhe sua questão inicial com o objetivo de alcançar a ruptura das ideias preconcebidas. Um ponto chave nesse momento são as hipóteses do trabalho, que podem ser consideradas como possíveis respostas dessa questão.
Etapa 2: A exploração
A exploração do tema pode ser feita por meio de duas maneiras a leitura e a coleta de dados exploratória
- A leitura. Escola fontes seguras como conferências importantes na área, assim como revistas relevantes. Procure textos que apresentem além dos dados uma análise e interpretação dos resultados. Escolha documentos que seguiram algum método científico na sua construção. Consulte se orientador, veja as referências desses artigos que você já conhece e que tratam do assunto. Veja quais na nossa postagem: Como escolher o método de pesquisa mais adequado para seu TCC?
- DICA 1: fazer fichamentos é um exercício interessante que ajuda a mostrar como cada um dos artigos pesquisados responde sua questão de pesquisa. Como fazer um fichamento?
- DICA 2: a medida que você ler os artigos, tenha em mente sua questão de pesquisa e objetivos. Verifique como cada um deles as responde. Faça comparação entre os artigos estudando, analisando os diferentes pontos de vista dos diversos autores.
- A Coleta de informações exploratórias: pode ser feita por meio de entrevistas, observações e análise de documentos. São complementares a fase de leitura e mostram aspectos que a leitura e a experiência do pesquisador não puderam evidenciar.
- Essas duas maneiras de coleta de dados, quando bem feitas, ajudam a identificar/construir o problema de pesquisa ou problemática.
Etapa 3: A problemática
A questão inicial coloca em questão um problema que pode ser considerada uma forma de interrogar o objeto de estudo. A problemática pode ser abordada em dois momentos:
- Um levantamento das problemáticas possíveis é realizada evidenciando suas características e as comparando.
- Escolhemos e explicitamos nossa problemática com conhecimento de causa.
- Dicas: Quais as perspectivas/facetas do problema reveladas pelas leituras e coleta de dados exploratórias? Identifique-as e compare-as. Sua problemática já foi explorada? se sim, quais os problemas conceituais e metodológicos encontrados em pesquisas científicas anteriores? Quais os conceitos e ideias chave da sua problemática?
Etapa 4: A Construção do Modelo de Análise
Nessa etapa são criadas as hipóteses ou questões do estudo, que surgiram a partir da definição da problemática. Possíveis respostas também são elaboradas nessa etapa. As hipóteses podem ser construídas de duas formas:
- Abordagem hipotético-indutiva. Acontece quando iniciamos uma pesquisa pela primeira vez, sem ter conhecimento sólido a respeito da temática. A hipótese é criada a partir da experiência e observação (empirismo).
- Abordagem hipotético-dedutiva. É utilizada quando se tem um conjunto de ideias ou conhecimentos prévio que possam explicar o objeto de estudo.
Para mais detalhes sobre o que é hipótese e como formulá-las, veja os artigos O que é e como definir as Hipóteses do seu estudo? e Teorias, Hipóteses, Variáveis dependentes e independentes
Etapa 5: A Coleta de Dados
Essa etapa compreende a coleta de informações para que sejam confrontadas com o modelo de análise. Nessa etapa três perguntas devem ser respondidas:
- (i) O que coletar? você deve coletar os dados úteis para o teste de hipótese;
- (ii) Com quem coletar? O pesquisador deve recortar o campo das análises empíricas considerando um espaço geográfico e social, assim como uma janela temporal. Feito isso, o pesquisador pode optar por estudar a população através da análise qualitativa ou quantitativa. Para mais detalhes sobre essas análises, veja os artigos Pesquisa qualitativa e quantitativa: qual usar no seu TCC? e Diferenças entre pesquisa qualitativa e quantitativa;
- (iii) Como coletar? Faz-se um instrumento de coleta de dados como questionários, roteiro de entrevistas ou observações. Esse instrumento é testado antes da utilização, com o objetivo de identificar problemas na coleta.
A coleta de dados não serve apenas para coletar informações. As informações ajudarão de alguma maneira o pesquisador em etapas futuras, como o teste de hipótese. Desta forma, é importante, ainda na criação do instrumento, preocupar-se com o tipo de informação que ele irá fornecer e como será feita a análise dessas informações.
Etapa 6: A Análise das Informações
Nessa etapa as informações coletadas e os resultados são observados para entender se correspondem aos resultados esperados pelas hipóteses ou questões de pesquisa. Normalmente a coleta de dados traz novos elementos ou outras relações não cogitadas inicialmente. Nesse contexto, os fatos não cogitados são interpretados e revistos para entender se é necessário refinar as hipóteses e, assim, propor e mostrar reflexões para pesquisas futuras.
No cenário em que o pesquisador opta pela análise de dados quantitativos ele deve executar três passos:
- Descrever os dados e apresentá-los (agregados ou não) sob a forma das variáveis requeridas pelas hipóteses.
- Mensurar as relações entre as variáveis, observando como essa relação foi prevista pelas hipóteses.
- Comparar relações observadas com as relações teoricamente esperadas pelas hipóteses e verificar o distanciamento entre elas.
- Se o distanciamento é nulo ou muito pequeno podemos concluir que a hipótese está confirmada;
- Caso contrário, verificar de onde vem o distanciamento e tirar as devidas conclusões.
Etapa 7: As Conclusões
De acordo com Quivy & Campenhoudt (1995, p. 247-53) podemos dividir essa etapa em três partes:
- Apresentar as questões de pesquisa e as hipóteses. Apresentar como foi feita a coleta de dados e o método utilizado. Comparar e comentar os resultados esperados pela hipótese com os resultados obtidos.
- Mostrar o que o estudo descobriu sobre o objeto de estudo e o que pode ser descoberto a partir dos seus resultados.
- Mostrar o que você descobriu sobre a problemática, como fez o teste de hipótese e como fez e analisou os dados.
- Se possível mostrar como o seu trabalho tem relação com a prática, em caso de estudos mais técnicos. Vale ressaltar que nem sempre é possível fazer essa relação entre pesquisa e ação.
Dica: quanto mais o pesquisador se distanciar das ideais preconcebidas do conhecimento e se preocupar com a problemática do estudo, mais chance terá de encontrar resultados relevantes.
Referências
Métodos de Pesquisa. Tatiana Engel Gerhardt, Denise Tolfo Silveira. Série educação a distância.
QUIVY, R.; CAMPENHOUDT, L. V. Manuel de recherche en sciences sociales. Paris: Dunod,
1995.
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Parabenizo pelo ótimo artigo redigido, pesquisa científica é essencial para a humanidade e deve ser bem executada. Agradeço pelas dicas e informações fornecidas.
Amei o conteúdo, ajudou-me bastante