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O Custo Oculto da Produção Científica

Descubra os custos ocultos por trás da produção científica: tempo perdido em formatação, taxas abusivas das editoras e a falta de transparência em resultados negativos. Um olhar crítico sobre os desafios financeiros e burocráticos da ciência. Leia mais!

A ciência é frequentemente vista como um empreendimento nobre, movido pela busca do conhecimento e pelo progresso da humanidade. No entanto, por trás de cada artigo publicado, há uma série de custos ocultos que consomem tempo, dinheiro e energia dos pesquisadores. Um estudo publicado na PLOS ONE [1] revelou que preparar e formatar manuscritos científicos pode custar milhares de reais por ano — um fardo invisível que raramente é discutido fora dos círculos acadêmicos.

1. O Tempo Perdido na Formatação e Rejeições

Mais de 80% dos artigos científicos são rejeitados pelo menos uma vez antes da publicação. Revistas prestigiadas, como a Nature, aceitam menos de 8% das submissões . Cada rejeição significa horas adicionais de ajustes, reformatação e reenvio.

O estudo analisou 372 pesquisadores de 41 países e descobriu que, em média, um manuscrito passa por duas rejeições antes de ser aceito. O tempo gasto apenas na formatação chega a 14 horas por artigo, e o tempo total dedicado a todos os manuscritos publicados em um ano pode ultrapassar 52 horas por pesquisador .

Quanto isso custa?

  • R$ 2.757,06 (US$ 477) por manuscrito
  • R$ 11.028,24 (US$ 1.908) por pesquisador/ano

E isso não inclui custos com revisão de texto profissional, taxas de publicação ou serviços terceirizados de formatação, que podem elevar ainda mais o valor final.

2. A Frustração dos Pesquisadores e a Burocracia

Uma pesquisa da Elsevier mostrou que um em cada três cientistas considera a preparação de manuscritos uma das atividades mais frustrantes e demoradas de seu trabalho . No Brasil, estudantes e pesquisadores enfrentam desafios adicionais, como a complexidade das normas da ABNT, que muitas vezes consomem mais tempo do que a própria pesquisa .

3. O Oligopólio das Editoras Científicas

Além do tempo perdido, há um custo financeiro oculto imposto pelas grandes editoras científicas. Empresas como Elsevier, Springer Nature e Wiley controlam o acesso ao conhecimento, cobrando até R$ 240 por artigo para download — mesmo quando os próprios cientistas não recebem remuneração por suas publicações .

Para piorar, os revisores e editores que avaliam os artigos geralmente trabalham de graça, enquanto as editoras lucram com assinaturas caríssimas. O Portal de Periódicos da CAPES, por exemplo, custou R$ 547 milhões em 2023 para garantir acesso à pesquisa no Brasil — um valor que poderia ser investido em novas pesquisas se o modelo de publicação fosse mais aberto .

4. A Ciência Invisível: Resultados Negativos Não Publicados

Outro custo oculto é a perda de dados científicos valiosos. Estima-se que 90% dos resultados de pesquisa nunca são publicados, especialmente quando são negativos ou inconclusivos . Isso significa que outros cientistas podem repetir os mesmos erros, desperdiçando tempo e recursos.

A falta de publicação de resultados negativos também distorce a literatura científica, criando um viés em favor de descobertas “positivas” e impactantes, mesmo quando a realidade é mais complexa .

5. Soluções Possíveis

  • Ferramentas de formatação automática (como o FastFormat) podem reduzir o tempo gasto em ajustes técnicos .
  • Ciência Aberta: Iniciativas como o acesso gratuito a publicações (exigido por financiadores como a Fundação Gates e o governo japonês) podem democratizar o conhecimento .
  • Revistas de resultados negativos: Periódicos especializados em dados não confirmatórios ajudariam a evitar a repetição de erros .

Conclusão

Fazer ciência vai muito além do laboratório. Os custos ocultos — tempo perdido, taxas abusivas e a falta de transparência — sobrecarregam os pesquisadores e limitam o avanço do conhecimento. Se queremos uma ciência mais eficiente e acessível, precisamos repensar como o conhecimento é publicado, financiado e compartilhado.

Referências:

  1. LeBlanc AG, Barnes JD, Saunders TJ, Tremblay MS, Chaput JP (2019) Scientific sinkhole: The pernicious price of formatting. PLOS ONE 14(9): e0223116. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0223116
  2. Pompeia, S. (2025). Os mercadores globais do saber. OutrasPalavras.
  3. Sayão, L. F., Sales, L. F., & Felipe, C. B. M. (2021). Sobre a obscuridade da ciência ou para onde vão os resultados negativos das pesquisas? SciELO.

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Brian Peixoto

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